Caminho por ruas sutis.
Cinzaclaro distante.
Absorto em você.
Posso mergulhar em tua cor
tanto quanto é minha cor.
Logo, me limitas.
Meu é teu círculo.
Meus são teus olhos.
Logo, me amplias.
Dá-me tua língua
e dou-te um sentido.
Lapido. Teço. Moldo tua natureza em mim.
Mostra-me quilíceras
e dou-te mortalidade.
Comigo serás
até que eu não te seja mais.
A natureza íntima da subjetividade é o Tempo. Dele ramificam-se os outros aspectos. A sucessão de imagens conectadas umas às outras no Tempo nos dá a idéia de espaço. A sucessão de fatos no espaço nos leva à causalidade. Mas o círculo do Tempo é limitado. Eventualmente nos veremos fora dele.
A superfície do Tempo é rugosa, passível de topografias.
...uma planície matinal, uma praia vespertina, uma falésia noturna...
10 comentários:
A sucessão das vidas (o que é chamado de Tempo) realmente é circular e isso já era dito há muito tempo no Oriente. Será que nossa subjetividade mora no Tempo? Como poderiam nossos anseios, vivências e sentimentos estarem guiados por algo que é construído social e culturalmente? O Tempo existe?
Já volto para fazer mais um comentário.
Uma tribo africana, da qual não me lembro o nome, tem uma só palavra que significa tempo/espaço. Existe muito menos multiplicidades que imaginamos e muito mais unidade do que julga a nossa vã filosofia. O que chamamos de tempo é cíclico e eterno; não é limitado. Não tenho pressa! O ciclo do tempo é infinito.
"Será que nossa subjetividade mora no Tempo?" --penso que o Tempo mora na nossa Subjetividade...
"O ciclo do tempo é infinito." --quando o ciclo se fechar, o Tempo não terá sido...
Muito obrigado pelo convite para publicar aqui! Abraços!
acredito estar vendo duas perspectivas de surrealidade, uma sem tempo, onde só tempo
tempo
templo
tem planos
e temporais
o que nos adivinha? oq seras? :o tento que intenta o tempo? e reintempo.....
desculp
mas voltando, se se pode observar de dentro, o que mora nesse tempo dentro do temp? e quando o tempo se esgotar? transbordara? ou caira no semtempo,,,,, ou nos 100stempos..... ?????
""O ciclo do tempo é infinito." --quando o ciclo se fechar, o Tempo não terá sido..."
O ciclo não se fechará. O ciclo da humanidade pode até se fechar, mas o ciclo da existência é eterno. Se é ciclo, ele sempre se renovará.
Não me aguentei, resolvi entrar para a festa:
Meu querido Rafa, tenho questões, quero entender o que vc pensa sobre -
Apesar da boa idéia do tempo que te expande ao mesmo tempo que te limita, me perguntei como o ciclo do tempo é limitado - a grande questão entre os comentadores, aparentemente... Como? Em que sentido? Você pensa no nosso famoso SUBLIME romântico-kantischopenhaueriano? Se SIIIIIM, como, se "seus [do tempo] são os meus olhos?" Esta idéia é boa para pensar o espaço formado pelo tempo, mas não cabe com a arte, ao menos não com toda a arte. Se eu entendi bem, algo entre fenomenologia e romantismo alemão não combinam... explique-me, por favor, amormeuzão!
Beijos, sempre... e abraços para todos!
Bem-vinda à festa, amor =)
Que ótima intervenção! E que difícil de responder!
É toda a objetividade produzida pela atividade consciente? Ou a coisa-em-si pode lhe ser uma causa? De qualquer forma, a subjetividade é em si? Ou a subjetividade se relaciona com a objetividade analogamente à relação entre consciente e inconsciente? Esse duplo par subjetivo-objetivo/consciente-incosnciente resolve-se na estrutura. Nessa estrutura me parece estar o tempo, para tentar responder à pergunta. Se ele de fato também está fora dela, não sei, e não acredito que seja possível *saber* isso. Mas, idependentemente disso, é a consciência que dá realidade subjetiva ao tempo subjetivo e realidade objetiva ao tempo objetivo; ("ao menos" ou "ou melhor") é isso que me veio à mente quando escrevi o poema ;)
É importante diferenciar círculo de ciclo. O ciclo faz parte do tempo objetivo, e está relacionado à alternância entre períodos de luz e escuridão. O círculo é tudo o que pode ser tocado pelo tempo, subjetiva ou objetivamente. Em ambos, o limite de que falei é a morte do sujeito.
Talvez não seja o sublime o ponto aqui, mas essa nova interpretação da subjetividade que vem se firmando nos últimos tempos. Tenho a impressão que a diferença entre romantismo e fenomenologia está no papel da coisa-em-si e sua relação com a subjetividade. Mais que isso sei dizer não...
Uma curiosidade, que tem um pouco a ver com esta discussão: L. C. Borges publicou na Scientific American (edição especial n° 14, p.41) um esquema polidimensional do tempo que é mais ou menos assim:
TEMPO
..*subjetivo
....-psicológico
..*objetivo
....-linguístico
......|tempo verbal
....-cósmico ou físico
......|cronológico
........~histórico
..........*político
........~cíclico
..........*litúrgico
............-ritual
............-mítico
Segundo o autor, "(...) em lugar de pensá-lo [o tempo] como uma forma (fluxo ou curso), devemos concebê-lo como uma complexidade de relações, composta de um entrelaçamento de diferentes linhas temporais, ora superpostas, ora justapostas". O que acham?
Tomara que eu tenho conseguido responder à pergunta!
Eu não entendi quando você falou que certas formas de arte não cabem dentro daquele pensamento, amor...
Beijos, meu bem!
Abraços, rapaziada!
diferenciar círculo de ciclo. O ciclo faz parte do tempo objetivo, e está relacionado à alternância entre períodos de luz e escuridão. O círculo é tudo o que pode ser tocado pelo tempo, subjetiva ou objetivamente. Em ambos, o limite de que falei é a morte do sujeito.
Impressiona-me.
Todo dia levanto-me antes que ele
e, certeiro, ele vem.
Impressiona-me o sol, os cabelos brancos e a morte de uma árvore.
Seguindo trilhas postas: o limite do tempo é a morte do sujeito. Mas não há sujeito além desse antropocentrismo. O único sujeito possível e impossível para tanto é Deus. Nem o tempo, nem a existência acabam. Do leo ao cinzaclaro sobre a terra, a existência é diferença constante.
Mas não podemos negar esses ciclos, parecem muito evidentes. O tempo, como o manejamos socialmente, é a arbitração de medidas a esses ciclos. O enigma que a mim se apresenta é: por que diabos essa artimanha existencial dos cilcos?? Por que tanto as células quanto o sol "envelhecem" e morrem??
Talvez seja eu demasiado materialista. Desconfio da utilização de subjetivo/objetivo. Já confundo suas conotações e denotações.
Entendi pouco o que quis dizer sobre o circulo, rafa. Acho tambem que as imagens estao bem alheias ao tempo e, a mim, minhas imagens do passado, d~ao menos a ideia de series temporais, e mais de existencias quase desconexas.
gostei dessa citacao borges.
talvez essas diferentes linhas vao criando a matriz temporal que se desenrola com as coisas.
as categorias classificatorias nao parecem-me importantes numa primeira olhada. talvez tenham outra dimensao no artido que seja difici captar assim por cima.
mas vou cultivar um tanto essa coisa das linhas.
Um belo paradoxo, leo: O Tempo não pode ser encarado como um vazio que preenche-se, mas está inevitavelmente vinculado a experiências, sendo-lhes indissociável e - até mesmo - sua outra face. Por outro lado, o Tempo fora do sujeito só é possível através do artifício metafísico de um deus intervencionista, artifício ao qual renuncio por alguns motivos. O mais importante deles é que um tal deus, para ser consistente, deveria permanecer idêntico a si em todos os níveis ontológicos, em todas as esferas de conteúdos territorializados ou não - o que, para mim, engessa a trama superfluida dos Universos incorpóreos, tirando-lhes alguns matizes bonitos.
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